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Uma das principais conclusões da sessão sobre licenciamento foi de que cada modelo de negócio baseado em Código Aberto requer determinadas características de licenciamento. A proliferação de licenças de Código Aberto incompatíveis entre si é um problema a ser resolvido.
Em março deste ano ocorreu o 2º Open Source ThinkTank nos EUA. O evento reuniu mais de cem executivos, entre CEOs e CTOs de 80 empresas do mundo do Código Aberto, para debater o futuro. O próprio tema do evento diz isso claramente: The Future of Commercial Open Source.
Foram diversos painéis e sessões de brainstorming. No painel dos CIOs, as principais conclusões foram que o Código Aberto já é visto como uma opção viável, e já não existe hesitação por parte desses gestores em analisarem as opções de Código Aberto, desde que as funcionalidades do software sejam adequadas. Entretanto, muitos ainda têm receio de adotar os softwares de Código Aberto que não tenham construído um ecossistema de apoio consistente e saudável, com diversidade de ofertas de suporte e treinamento. E já está bem claro para todos que Código Aberto não significa software gratuito, embora os custos de propriedade tendam a ser menores que os de produtos proprietários correspondentes.
Na sessão de brainstorming sobre tendências e desafios do Código Aberto, identificaram-se como principais desafios:
Dois outros pontos foram abordados: o primeiro é que a influência do modelo de Código Aberto já está afetando as startups de software e reduzindo os investimentos dos VCs neste setor; e o segundo é que começa a haver uma carência de desenvolvedores centrais, uma vez que muitos deles estão sendo contratados diretamente por empresas de software, causando o temor de que acabem gerando conflitos entre os interesses de seus novos empregadores e os da comunidade que lideram.
Uma das principais conclusões da sessão sobre licenciamento foi de que cada modelo de negócio baseado em Código Aberto requer determinadas características de licenciamento. A proliferação de licenças de Código Aberto incompatíveis entre si é um problema a ser resolvido. Por exemplo, foi citado que softwares GPL não podem ser usados com softwares distribuídos sob licenças Apache ou Eclipse. Além disso, os termos das licenças continuam muito confusos. Poucos conseguem de fato entender o que esses termos querem dizer. Além disso, há um receio de que a GPLv3 acabe gerando forks entre softwares que manterão a GPLv2 e que tenham componentes ou bibliotecas que adotem a nova versão.
Uma terceira sessão de brainstorming abordou a questão dos modelos híbridos, com características de modelos proprietários e de Código Aberto. A conclusão quase geral é de que os modelos estão convergindo, com muitos fornecedores de um adotando características do outro. Os modelos abertos, por exemplo, adotam a busca pela lucratividade empregada nos proprietários, com muitas empresas buscando lucratividade através não apenas de suporte e treinamento, mas também por licenças baseadas em subscrição. Também deve se acelerar o processo de aquisição de empresas de Código Aberto por aquelas de software proprietário. O momento romântico do Código Aberto definitivamente já está se tornando história.
Código Aberto já está sendo visto de forma bem mais pragmática e realista. Já não é mais politicamente incorreto falar em ganhar dinheiro com Código Aberto...
O mundo do software não será mais 100% proprietário, mas também não será 100% aberto. Estamos todos, indústria, comunidades e usuários, em busca do ponto de equilíbrio.
Cezar Taurion é profissional e estudioso de Tecnologia da Informação desde fins da década de 70, com educação formal diversificada, em Economia, mestrado em Ciência da Computação e MBA em Marketing de Serviços, além de possuir experiência profissional moldada pela passagem em empresas de porte mundial. É autor de seis livros que abordam assuntos como Software Livre, Grid Computing, Software Embarcado, Cloud Computing e Big data.
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